GAT forçado a interromper distribuição de material para consumo fumado de cocaína crack

17 Março 2023

Desde 2012, com a abertura do serviço GAT IN Mouraria, o GAT Grupo de Ativistas em Tratamentos investiu continuadamente em cachimbos, material para consumo fumado de cocaína crack. “A distribuição de material de consumo mais seguro é reconhecida como sendo uma estratégia eficaz de chegar a populações marginalizadas e de promover a sua ligação e adesão aos serviços, bem como para prevenir infeções bacterianas e por hepatice C”, afirma Luís Mendão, fundador da organização sem fins lucrativos.

O consumo fumado de crack é hoje muito mais prevalente do que o de heroína injetada, que caraterizou o fenómeno do consumo problemático no passado. Segundo Luís Mendão, “quando o GAT tomou a iniciativa de distribuir cachimbos, fê-lo na perspetiva de documentar o seu benefício e de advogar pela necessidade de obter financiamento público por parte do Estado”, através do SICAD, Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências.

“Uma experiência breve durante a pandemia por COVID-19, em que foi possível assegurar a distribuição de cachimbos em todo o país, mostrou a dimensão nacional desta necessidade. Hoje, volvidos 10 anos de ativismo em torno dos cachimbos, e depois de a fatura de 2022 ter superado os 20 mil euros, o GAT teve que tomar a difícil decisão de interromper a compra e distribuição de cachimbos, com prejuízo para as pessoas que utilizam os nossos serviços”, explica o ativista.

E acrescenta que o comunicado enviado hoje à imprensa “é a última tentativa de apelar às entidades responsáveis para a resolução de um problema que é o do financiamento público de materiais para consumo fumado mais seguro, que estamos convictos que é uma das respostas essenciais e de primeira linha ao consumo problemático em Portugal.”