GAT na Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa: Transmissível é o Orgulho
10 Julho 2024No sábado de 6 de julho, o GAT participou na 25ª Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa. Com uma presença significativa de cerca de 30 ativistas e pessoas voluntárias, associadas e trabalhadoras do GAT, estivemos lado a lado com a comunidade LGBTI+ para celebrar o orgulho e promover a não-discriminação. Este ano, a nossa missão incluiu a divulgação da campanha Transmissível, promovida pelo CAD - Centro Anti-Discriminação VIH e Sida, do qual o GAT integra.
Com a mensagem "Transmissível é o Orgulho", levámos para a rua a e evidência científica Indetetável = Intransmissível, para que todas as pessoas saibam que as pessoas que vivem com VIH e estão em tratamento não transmitem o vírus. Este conhecimento é fundamental para combater o estigma e a desinformação que ainda rodeiam o VIH e a sida.
Durante a marcha, foram distribuídos preservativos internos e externos, bem como gel lubrificante, com o objetivo de garantir acesso a métodos de prevenção para sexo mais seguro.
A participação do GAT na iniciativa finalizou com um discurso no fim da Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa, no Terreiro do Paço, que serviu de tributo a António Variações, um ícone do VIH, num momento em que se assinalam os 40 anos desde a sua morte, bem como as iniciativas dos 40 anos do VIH e Sida em Portugal.
O GAT aproveitou esta ocasião para homenagear não só Variações, pelo que representa, mas também todas as pessoas que perderam a vida para a sida. Este tributo estende-se às pessoas que hoje vivem com VIH, que continuam a resistir à discriminação, ao estigma, ao preconceito e à serofobia.
DISCURSO DO GAT NA 25ª MARCHA DO ORGULHO LGBTI+ DE LISBOA
Marchámos hoje porque transmissível é o respeito pelos direitos humanos, transmissíveis são os direitos LGBTI+, transmissível é o NOSSO ORGULHO! Caminho percorrido com a Revolta de Stonewall, com a despatologização da homossexualidade, com a despatologização das pessoas trans, com a aprovação do casamento e da adoção entre pessoas do mesmo género, e com a autodeterminação de género.
Neste longo processo de conquista de direitos, o VIH e a sida dizimaram-nos. São já 40 anos de VIH em Portugal e são também 40 anos desde que António Variações nos deixou.
Variações é referência artística-cultural! Variações é representação queer! Variações é um ícone do VIH! Variações é símbolo das vidas perdidas para a sida e para o estigma! Variações foi uma das vítimas por falta de tratamento e da negligente prevenção das entidades responsáveis!
Em tributo a Variações e a todas as pessoas perdidas para a sida, em tributo às pessoas que hoje vivem com VIH e resistem ao estigma, propomos agora um momento de silêncio.
O GAT Grupo de Ativistas em Tratamentos integra o CAD Centro Anti-Discriminação VIH e Sida e é uma organização de pessoas que VIVEM com VIH de cooperação entre pessoas de diferentes comunidades e de diferentes organizações, afetadas pelo VIH e SIDA, infeções sexualmente transmissíveis, hepatites virais e tuberculose. Somos uma comunidade composta por homens que fazem sexo com homens, pessoas que usam drogas, pessoas migrantes, pessoas trans e não binárias e pessoas que fazem trabalho sexual, que promove o direito à saúde sexual e à não-discriminação.
Hoje marchámos com a verdade científica Indetetável = Intransmissível, que pessoas com VIH e em tratamento não transmitem o vírus, e conscientes que transmissível é a discriminação! Transmissível é o estigma! Transmissível é o preconceito! Transmissível é a serofobia!
Mas hoje, quebramos estes contágios sociais ao deixar claro que Transmissível é o amor, porque o amor sempre vence; que Transmissível é a segurança, de termos ao nosso lado pares como nós; que Transmissível é a paixão, a serodiferente e a seroigual; que Transmissível é a empatia, que queremos na comunidade e fora dela; que Transmissível é a família, das que perdemos e das que construímos. Que Transmissível é o orgulho, de sermos lésbicas, gays, bissexuais, pansexuais, assexuais, trans, não-bináries, intersexo; de sermos VIH positivos, detetáveis e indetetáveis; de sermos nós, de sermos livres!