Luís Mendão: “Para quem está em risco, a vacina contra a Zona deveria ser gratuita”

05 Dezembro 2023

Luís Mendão, diretor de advocacia, políticas de saúde e relações externas do GAT, defende a disponibilização da vacina contra o Herpes Zoster (HZ), que causa Zona, no Programa Nacional de Vacinação (PNV) para pessoas imunocomprometidas ou que tenham fatores de riscopertençam aos grupos de risco, tal como pessoas que vivem com VIH.

“A Zona é uma doença muito incapacitante que pode prolongar-se durante muito tempo e que deixa muitas vezes sequelas”, advertiu o responsável do GAT numa entrevista recente à CMTV. “As dores são lancinantes”, acrescentou.

A vacina já existe, foi aprovada há mais de um ano e tem indicação para todas as pessoas, independentemente do seu estado de saúde, com mais de 50 anos.

 


Países na Europa à frente na vacinação

O GAT defende que Portugal deve seguir assim o exemplo de Alemanha, Áustria, França, Grécia, Itália, Espanha, Reino Unido e Suíça, entre outros países, que já incluíram a vacina contra a Zona, nos seus PNV, para a população imunocomprometida.

À semelhança da posição oficial do GAT, Luís Mendão frisou que “pessoas com baixa imunidade, como as que fazem tratamentos para o cancro e as pessoas com transplantes, têm uma incidência de Zona muito alta” e que por isso devem estar protegidas.

“Do nosso ponto de vista, aquilo que fomos pedir à Assembleia da República é que para doentes especialmente vulneráveis, independentemente da idade, a vacina fosse proposta pelos médicos e fosse gratuita”


Investimento custo-efetivo

Estudos independentes indicam que o investimento na vacinação das pessoas adultas é altamente custo-efetivo, com um elevado retorno no tempo, através do aumento da produtividade, do crescimento económico, da redução do absentismo laboral e da poupança nos gastos de saúde e segurança social. Dados científicos sugerem mesmo um retorno de 4 euros por cada 1 euro investido em vacinação.

No caso da Zona e das complicações daí decorrentes, estima-se que as despesas com cuidados médicos rondem os 105 milhões de euros por ano, num país como a Alemanha, sendo que os custos relacionados com o absentismo laboral dose doentes e respetivos cuidadores sejam ainda mais elevados do que os contabilizados para a prestação de cuidados de saúde. Em média, uma pessoa com Zona fica de baixa por doença cerca de 12,5 dias/por episódio e, nos casos de indivíduos afetadospessoas afetadas pela nevralgia pós-herpética (NPH), a principal complicação do HZa zona, este período pode chegar aos dois meses.

Foto: João Porfírio