Sociedade civil reforça rastreio gratuito a nível nacional

16 Novembro 2023

Entre 20 e 27 de novembro, várias organizações nacionais juntam-se a entidades de vários países europeus numa iniciativa conjunta, que assinala a sua 10ª edição, para apelar à importância do rastreio e diagnóstico precoce.

“É fulcral que as pessoas percebam que o teste, para além de ser rápido, fácil, gratuito, anónimo e confidencial, é a única forma de garantir que temos cuidados de saúde atempados em caso de uma infeção, e é também o nosso contributo individual para travarmos a transmissão destas epidemias”, diz Ricardo Fernandes, diretor executivo do Grupo de Ativistas em Tratamentos (GAT).

A Semana Europeia do Teste do VIH e Hepatites é organizada pela EuroTest e reúne diversos parceiros da área da saúde pública com o intuito de aumentar os rastreios em contexto comunitário e promover a prevenção de infeções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Em Portugal, as organizações membro da Rede de Rastreio Comunitária e associações que se juntam à iniciativa, destacam a importância da manutenção destes serviços de rastreio, nomeadamente a necessidade de reforço do apoio financeiro à continuação das suas atividades. Importa, de igual forma, a remoção de qualquer barreira no acesso a cuidados de saúde, que hoje ainda existem, estigma e discriminação inclusive.

“Os testes são uma chave que pode abrir a possibilidade de disponibilizar um pacote completo tanto de prevenção como de cuidados que respondem às necessidades mais vastas da população”, acrescenta Ricardo Fernandes.

 

Portugal é dos países com mais elevadas taxas de novos casos de VIH na Europa Ocidental

Segundo o último relatório publicado sobre a Infeção por VIH em Portugal, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) e da Direção-Geral da Saúde (DGS), foram notificados 1 803 casos de infeção por VIH no biénio 2020-2021 (870 dos quais em 2020 e 933 em 2021).

“Os testes fazem parte de um leque de ferramentas de prevenção disponibilizados num horário mais extenso durante a Semana Europeia do Teste”, explica Rosa Freitas, diretora de projetos de cooperação e desenvolvimento do GAT. 

Uma pessoa que queira fazer o rastreio pode dirigir-se às organizações da sociedade civil que disponibilizam este serviço, ou às estruturas do Serviço Nacional de Saúde.

“Pretende-se que mais pessoas conheçam o seu estatuto serológico para as infeções rastreadas e que, no caso do resultado reativo, possam ser atempadamente ligadas ao tratamento o mais rápido possível. Durante 7 dias trabalhamos em conjunto com os países europeus, com o objetivo de tornar o rastreio acessível e desconstruindo barreiras relacionadas com o estigma.”, conclui Rosa Freitas.

Portugal continua a destacar-se pelas elevadas taxas de novos casos entre os países da Europa Ocidental, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. Embora a transmissão heterossexual se mantenha como a mais frequente (51,8%), os casos em homens que têm sexo com homens (HSH) corresponderam à maioria dos novos diagnósticos em homens (56,0%) em Portugal.

 

Dados epidemiológicos na Europa

  • Homens que fazem Sexo com Homens (HSH) e a juventude adulta são as pessoas mais afetadas por ISTs
  • Mais de 2.3 milhões de pessoas vivem com VIH na Região Europeia da OMS
  • 15 milhões de pessoas vivem com Hepatite B e 14 milhões vivem com Hepatite C na Região Europeia da OMS
  • Uma em cada cinco pessoas que vivem com VIH não sabem que vivem com VIH
  • A maioria das pessoas que vivem com o vírus da Hepatite C, não sabem que têm o vírus
  • Mais de 50% das pessoas que vivem com VIH têm diagnóstico tardio
  • O investimento necessário em pessoas com diagnóstico tardio é 3.7 vezes superior do que o investimento para pessoas com diagnóstico precoce