Glossário

A

Abacavir: medicamento antirretroviral da classe dos inibidores da transcriptase reversa análogo dos nucleósidos. O nome comercial é Ziagen®.

Abcesso: coleção de pus que resulta de uma infeção.

Acidose láctea: condição causada pela acumulação de ácido láctico no corpo. 

Adesão: ato de tomar os medicamentos exatamente como prescritos.

ADN: ácido desoxirribonucleico, material no núcleo de uma célula onde é armazenada a informação genética.

Agudo: uma situação patológica desenvolvida recentemente.

ALT (Alanina aminotransferase ou transaminase glutâmico pirúvica; GPT ou TGP): uma enzima hepática chave produzida nas células do fígado. A ALT é monitorizada por rotina nas pessoas seropositivas para o VIH que estão a fazer o tratamento antirretroviral, para detetar toxicidade hepática devida à medicação para o VIH (ou outra medicação). Um nível elevado de ALT assinala a presença de dano hepático, mas não indica a gravidade do dano.

Amílase: enzima produzido pelo pâncreas e pelas glândulas salivares. Fundamental para o processo de digestão alimentar.

Analito: substância ou componente químico que é alvo de análise. Refere-se geralmente a um componente do sangue ou outro fluido corporal. No contexto do VIH, os analitos incluiem o antigénio do VIH p24 e anticorpos para o VIH 1 e 2.  

Anemia: diminuição do número de glóbulos vermelhos ou alteração do tamanho ou da função dos mesmos. Estas células transportam oxigénio para as células do corpo.

Anergia: ausência de reação dos mecanismos de defesa  quando uma substância estranha entra em contacto com o organismo. Isto pode indicar a incapacidade do sistema imunitário em desencadear uma resposta alérgica normal.

Antaxone: medicamento usado no tratamento da dependência aos opiáceos e como adjuvante na prevenção de recaídas de alcoólicos tratados.

Anti-inflamatórios não esteróides (AINE): uma classe de fármacos que reduzem a inflamação, o inchaço e as dores, nomeadamente articulares. São usados para o tratamento da artrite e da dor ligeira a moderada. Alguns AINE comuns são o ácido acetilsalicílico (aspirina) e o ibuprofeno.

Anuscopia: exame do canal anal e porção inferior do reto usando um espéculo curto.

Antibiótico: um medicamento que atua nas infeções causadas por bactérias.

Anticorpo: proteína produzida pelo sistema imunitário em resposta a um organismo estranho.

Anticoagulante: fármacos usados para  prevenir a coagulação do sangue.

Antigénio: qualquer substância que o sistema imunitário reconhece como “estranha” e que provoca a produção de anticorpos.

Antioxidante: vitamina, sal mineral ou medicamento que reduz a atividade dos radicais livres produzidos no processo natural do metabolismo do oxigénio na célula.

Antirretroviral: medicamento que impede o desenvolvimento ou destrói o VIH, um vírus da classe dos retrovírus.

Antiviral: medicamento que impede o desenvolvimento ou destrói os vírus.

Apoptose: suicídio celular, também chamado de morte programada das células. Pensa-se que este é um dos processos pelo qual o VIH ataca o sistema imunitário, suprimindo-o. O VIH pode  provocar apoptose nas células do sistema imunitário estejam estas infetadas ou não por este vírus.

Artralgia: dor nas articulações.

Artrite: inflamação das articulações.

ARV: iniciais de “antirretrovirais”. Usado frequentemente para referir os fármacos e as terapêuticas que inibem a replicação do VIH, que é um retrovírus.

Ascite: acumulação anormal de fluidos no abdómen. Nas pessoas com hepatite C é um sinal de lesão grave do fígado.

Assintomático: que não tem sintomas.

AST: aspartato aminotransferase; transaminase glutâmica -oxalo -acética; GOT ou TGO. Uma enzima que é fabricada em muitos locais do corpo (coração, intestinos, músculos) que é (como a ALT) monitorizada por rotina nas pessoas seropositivas para o VIH que estão a fazer o tratamento ARV, para detetar toxicidade hepática devida à medicação para o VIH (ou outra medicação). Um nível elevado da AST, produzida especificamente no fígado, assinala a presença de dano hepático, mas não indica a gravidade do dano.

Ataxia: ausência de coordenação muscular.

Aterogénico: agente que produz mudanças degenerativas nas paredes arteriais.

Aterosclerose: doença que provoca o endurecimento e o estreitamento da parede arterial.

Auto anticorpo: anticorpo anormal produzido contra os tecidos do próprio organismo.

AVC: iniciais de Acidente Vascular Cerebral. Uma das principais causas de mortalidade em Portugal e nos países desenvolvidos, vulgarmente conhecida como “trombose”. O AVC também provoca com frequência níveis elevados de incapacidade e surge com mais frequência em pessoas com maior risco cardiovascular. Entre os fatores de risco mais importantes encontram-se a hipertensão, a diabetes, a obesidade, a dislipidémia (ver abaixo), o tabagismo e o sedentarismo.

B

Bacilo: é uma bactéria assim chamada pela sua forma de bastão. As bactérias são um dos principais tipos de micro-organismo responsáveis pelo aparecimento das chamadas doenças infecciosas. Outros micro-organismo importantes e frequentes são os vírus e os fungos. O agente mais frequente responsável pela tuberculose é o Mycobacterium tuberculosis, uma bactéria também conhecida por Bacilo de Koch (nome do investigador que a descobriu).

Bacteriemia: presença de bactérias na corrente sanguínea.

Bactéria: microrganismo unicelular.

Barreira genética: nível da suscetibilidade do VIH a um fármaco. A barreira genética “natural” aumenta com as mutações do vírus podendo vir a ultrapassar o quociente inibitório de um fármaco em relação ao qual o vírus se torna resistente.

Barreira hemáto-encefálica: sistema complexo de defesa que impede muitas substâncias presentes na corrente sanguínea de penetrarem no sistema nervoso central.

Basófilo: um tipo de glóbulo branco também chamado leucócito granular, que contem grânulos capazes de digerir microrganismos.

Bid: abreviação do termo em latim que significa duas vezes por dia.

Bílis ou bile: fluido produzido pelo fígado importante no processo de digestão transformando e fragmentando as gorduras e na absorção dos nutrientes.

Bilirrubina: pigmento amarelo segregado pelo fígado. Os seus níveis são avaliados no sangue e na urina. Esta análise é importante no diagnóstico de doenças que afetam o fígado  A bilirrubina, que existe normalmente no sangue, resulta essencialmente da degradação dos globos vermelhos. Durante a passagem pelos vasos sanguíneos do fígado a bilirrubina é captada pelas células do fígado e segregada com a bílis para o intestino.

Bilirrubinúria: presença de bilirrubina na urina.

Biodisponibilidade: quantidade de um medicamento em circulação na corrente sanguínea.

Biopsia: uma pequena amostra de tecido que pode ser examinada para procurar sinais de doença. É um procedimento no qual se colhe uma pequena quantidade de tecido ou células, isto é, uma amostra, para posterior estudo em laboratório.

Broncoscopia: é um exame visual direto da cavidade dos órgãos da fonação (laringe) e das vias aéreas através de um tubo de observação de fibra ótica (um broncoscópio).

Bossa de búfalo: acumulação de gordura na parte posterior do pescoço associada à lipodistrofia.

 

C

Canal biliar: um tubo que transporta a bílis do fígado para a vesícula biliar e de seguida para o intestino delgado.

Candidose: infeção causada por fungos do género Candida, sendo o mais comum a candida albicans. Pode atingir a pele, as unhas e as mucosas de todo o corpo, incluindo a boca, esófago, vagina, intestinos e pulmões. Habitualmente é uma infeção ligeira e sem gravidade, podendo contudo apresentar formas graves. Quando, em grau ligeiro, atinge os bebés na mucosa bucal, é também conhecida por “sapinhos”. A Candidose é considerada uma doença definidora de SIDA.

Cadeia polipeptídica: conjunto de aminoácidos que, se atingirem um determinado número, constituem uma proteína (proteína = péptido). Abaixo desse número, a cadeia leva a designação de oligopéptido. Os aminoácidos são os constituintes mais básicos das proteínas. Se imaginarmos, por exemplo, que as proteínas são como as paredes que sustentam uma casa, os aminoácidos corresponderiam aos tijolos.

Carcinoma: tumor maligno que pode disseminar-se pelo corpo.

Cardiovascular: o que se relaciona com o coração e os vasos sanguíneos.

Cateter: tubo que se insere numa extremidade no corpo do doente enquanto a outra extremidade fica no exterior. Torna mais fácil a administração ou a injeção de medicamentos e fluidos ou a eliminação de produtos residuais.

CDC: Centre for Diseases Control. Organismo da Administração Pública do Governo dos Estados Unidos encarregue da vigilância epidemiológica e da proteção da Saúde Pública.

CD4: molécula (estrutura de proteínas) que existe na superfície de algumas células (células CD4, macrófagos e células dentríticas, entre outras) e que permite que o VIH ataque, entre e infete essas células.

CD8: molécula que existe na superfície de algumas células ou glóbulos brancos que facilita a interação destas células com as moléculas do Complexo Major de Histocompatibilidade da classe I.

Cefaleia: dor de cabeça.

Célula apresentadora do antigénio: células que digerem os organismos estranhos e mostram, à sua superfície, os restos de proteína resultantes dessa digestão (antigénio) na expectativa de encontrar e ativar linfócitos T (CD4) que reconhecem esse antigénio e desencadeiem a adequada resposta imunitária.

Células naïve: são linfócitos T produzidos na medula óssea e que sofreram um processo de maturação do timo. Distinguem-se dos linfócitos T ativados ou de memória porque ainda não entraram em contacto com antigénios. A existência de um número adequado de células naïve é essencial para que o sistema imunitário seja capaz de reagir a novos organismos patogénicos.

Cédula CD4: um tipo de linfócito T envolvido na proteção contra corpos estranhos ao organismo que apresenta, na sua superfície, a molécula CD4. A célula CD4 coordena a resposta imunitária a uma infeção através de uma série de interações com as células apresentadoras do antigénio (macrófagos, células dentriticas e linfócitos B) e com os linfócitos que atacam, diretamente, antigénios estranhos ao organismo (linfócitos B e células CD8). A contagem das células CD4 mede, aproximadamente, o estado do sistema imunitário.

Cédula CD8: um tipo de linfócito T que apresenta, na sua superfície, a molécula CD8. Algumas destas células podem matar células cancerosas ou células que estejam infetadas por organismos estranhos (bactérias, vírus, etc.). São os linfócitos T citotóxicos.

Cerebral: o que diz respeito ao cérebro.

Cerebrovascular: o que diz respeito ao cérebro e aos vasos sanguíneos aí localizados.

Cérvix: colo do útero.

Cesariana: é um tipo de parto em que a criança nasce através de uma incisão na parede abdominal e no útero.

Cirrose: fibrose hepática grave (ver fibrose) que impede o fígado de realizar as suas funções.

Citocina ou citoquina: substância química produzida pelo organismo que se destina a transmitir sinais entre as células.

Citocromo: família de enzimas hepáticas que metabolizam medicamentos e outras substâncias lipossolúveis.

Citomegalovirus: vírus que pode provocar cegueira em pessoas com doença avançada pelo VIH.

Citotóxico: medicamento ou organismo que causa dano às células.

Citocromo P450: família de enzimas hepáticas que metabolizam medicamentos e outras substâncias lipossolúveis. Alguns fármacos, como o Ritonavir, inibem algumas das enzimas P450, afetando assim a capacidade do fígado de metabolizar outras substâncias. Por esta razão, a administração conjunta de um inibidor do citocromo P450 e de outro fármaco por ele metabolizado resultará num aumento dos níveis sanguíneos deste último, o que implicará um ajustamento prévio das doses, de modo a prevenir a ocorrência de efeitos indesejáveis. A nevirapina, por outro lado, é um exemplo de um medicamento que diminui os níveis sanguíneos de outras substâncias, por estimular o citocromo P450.

Clínico: relativo aos cuidados médicos e de enfermagem.

Coenzima Q10 (CoQ10): substância que atua dentro das células, na oxidação dos nutrientes, com vista à criação de energia. É também altamente eficaz na proteção interna e externa da membrana celular, contra a oxidação. Tem vindo a ser proposta como terapêutica complementar na Síndrome de Imunodeficiência Adquirida.

Coinfeção: ter simultaneamente mais do que uma infeção. Por exemplo, quando uma pessoa infetada pelo VIH tem hepatite B ou C, diz-se que está co-infetada. Tal condição pode agravar a doença e tornar o tratamento mais difícil.

Colesterol: gordura com a aparência e a textura da cera que é produzida no organismo ou ingerida como constituinte de certos alimentos. O nível elevado no sangue é um fator de risco da doença cardiovascular.

Colite: inflamação dos intestinos.

Colonoscopia: exame do intestino grosso ou cólon através de um tubo com uma câmara de vídeo inserido no ânus.

Colposcopia: exame que permite observar a superfície da vagina e do colo do útero sob amplificação para identificar a localização e a extensão de lesões suspeitas.

Comorbilidade: doenças associadas a uma determinada infeção principal, no caso do VIH as infeções oportunistas e outras patologias não infeciosas.

Complexo Major de Histocompatibilidade: designação que compreende duas classes de moléculas na superfície das células. As moléculas da classe I existem em todas as células e, no caso destas estarem infetadas por um vírus ou outro micróbio, captam os antigénios estranhos e apresentam-nos aos linfócitos T CD8 citotóxicos.

Concentração Vale: parâmetro farmacocinético que mede o nível sérico (valor de concentração) mínimo de um princípio ativo, ou de um medicamento, imediatamente antes da toma seguinte, por contraposição à concentração pico que mede o nível sérico após uma administração. O Vale está relacionado com os valores de concentração mínimos adequados aos efeitos positivos da terapêutica e o pico com os fenómenos de acumulação e possível toxicidade do medicamento.

Contraindicação: uma razão pela qual um medicamento não deve ser administrado em determinado doente.

Coorte: um grupo de pessoas que partilham pelo menos um fator em comum (por exemplo, o facto de serem seropositivos) e que são estudados durante um determinado período de tempo. Coorte do Lat. Cohorte-s.f., parte de uma legião, entre os romanos; porção de gente armada; multidão.

CPMP: Committee for Proprietary Medicinal Products, organismo da União Europeia licenciador da autorização de comercialização dos medicamentos e da salvaguarda dos direitos de registo e patente, no espaço da União.

Crioglobulinémia: níveis elevados, no sangue, de proteínas anormais, chamadas crioglobulinas, que podem provocar uma inflamação dos vasos sanguíneos e tornar o sangue mais espesso.

Criptococose: um tipo de infeção fúngica que geralmente afeta o cérebro, causando meningite. Pode também localizar-se em outros órgãos, como por exemplo, os pulmões e a pele.

Criptosporidiose: infeção intestinal provocada pelo parasita Cryptosporidium parvum que causa diarreia grave.

Crónico: uma doença de longa duração.

Cultura: meio laboratorial adequado ao crescimento de microrganismos.

 

D

Dermatite: inflamação da pele.

Demência: conjunto de sintomas que levam a um declínio do funcionamento do cérebro suficientemente grave para interferir na capacidade de realizar tarefas de rotina. Estas alterações no funcionamento do cérebro podem ser provocadas pela ação direta do VIH, com sintomas nos sistemas nervoso e nervoso central, designando-se o conjunto de patologias resultantes por HANDS (HIV Associated Neurological Disorders) o que inclui quer as neuropatias periféricas quer o ADC (Aids Dementia Complex), que é a situação mais grave.

Diabetes: doença caracterizada pelo aumento da concentração de açúcar no sangue e na urina, resultante de deficiente produção ou ação da insulina.

Diagnóstico: descrição das causas que estão na origem de problemas médicos de um doente.

Diarreia: dejeções aquosas ou frequentes.

Dislipidémia: diz-se que há dislipidémia quando há uma alteração nos valores normais dos lípidos (ou gorduras) do sangue, em particular do colesterol e dos triglicéridos. Pode ser combatida com dieta e fármacos.

Displasia: crescimento anormal das células.

Doença cardiovascular: doença que afeta o coração e os vasos sanguíneos.

Doença coronária: doença provocada  pelo depósito gradual de produtos gordurosos nas paredes das artérias coronárias provocando o estreitamento das mesmas.

Doente naïve: pessoa que nunca tomou medicamentos ARV. Um doente naïve pode ter resistências aos medicamentos antirretrovirais se for infetado por uma estirpe de VIH resistente.

Dose: quantidade certa de um medicamento que deve ser tomada duma só vez.

Dupla ocultação (ou ensaios “duplamente cegos”): caraterística de um estudo clínico em que nem os investigadores nem os doentes sabem que tipo de tratamento cada um dos participantes está a fazer.

E

Efeito adverso: efeito indesejado do tratamento.

EMEA (European Medicinal Evaluation Agency): organismo da União Europeia encarregue da avaliação de novos medicamentos, necessária para autorização de comercialização concedida pela CPMP.

Encefalopatia: função cerebral degenerativa ou doença. Alteração das funções mentais. Pode manifestar-se por confusão, desorientação e mesmo coma.

Encefalopatia hepática: alterações cerebrais que ocorrem quando um dano hepático grave não permite a filtragem de substâncias tóxicas presentes no sangue e que vão atuar sobre o sistema nervoso central.

Ensaio clínico: investigação que envolve um número determinado de participantes, que se destina geralmente a avaliar a eficácia e a segurança de um medicamento ou de um tratamento.

Ensaio duplamente cego: ensaio clínico em que, até a sua conclusão, nem os investigadores nem os participantes sabem qual dos tratamentos testados está a ser tomado individualmente pelos participantes no ensaio.

Eficácia: a capacidade de produzir efeitos desejados.

Encefalopatia: doença ou infeção que afeta o cérebro.

Endógeno: que vem de dentro.

Endoscopia: exame de estruturas internas utilizando um tubo de observação com fibra ótica (endoscópio).

Entérico: relativo aos intestinos.

Enzima: substância orgânica, constituída por proteínas que atua como acelerador de certas reações químicas.

EPA e DHA: são dois ácidos gordos essenciais, conhecidos por ómega 3 e ajudaram a diminuir os níveis de colesterol LDL e triglicéridos.

Epidemiologia: ramo da medicina que estuda a incidência, distribuição e controlo das doenças nas populações.

Eritrócitos: ver "glóbulos vermelhos".

Escleróticas: parte branca visível do olho. Pode estar amarelada em doentes com patologias do fígado ou vesícula biliar.

Espéculo: instrumento metálico ou de plástico que se utiliza no exame ginecológico, com o objetivo de separar as paredes da vagina, permitindo assim a visualização do canal vagina e do colo do útero.

Estadio: na hepatite C, refere -se ao grau de fibrose que se encontra numa biópsia. É geralmente medido com a escala Metavir, de 0 a 4, onde 0 representa ausência de fibrose e 4 cirrose, ou na escala Knodell, de 0 a 6, onde 0 representa ausência de fibrose e 6 cirrose.

Estatinas: substâncias que inibem a redutase da HMG-Coa, reduzem a síntese hepática de colesterol e aumentam a depuração das lipoproteínas. As estatinas são moléculas que foram descobertas em 1971 por um investigador japonês, Akira Endo que verificou que os animais de laboratório alimentados com determinados cogumelos morriam por ausência de produção de colesterol. A primeira substância desta família foi isolada em 1976 numa cultura de Penicillium citrinum, sendo a molécula designada de compactina e servindo de base para a produção de estatinas. Posteriormente, foi isolada a Lovastatina de uma cultura de Aspergillus terreus, que possuía propriedades iguais à substância anterior, mas com menor toxicidade. A partir dessa descoberta foram produzidas muitas outras moléculas com fórmulas estruturais semelhantes à Lovastatina e todas elas mostraram capacidade de inibir a síntese de colesterol. A Pravastatina foi obtida a partir de uma cultura de fungos de Nocardia autrophica, todas as outras são medicamentos sintéticos ou pró-drogas.

Experiente em tratamentos: pessoa que já tomou medicamentos antirretrovirais.

Exsudado vaginal: produto constituído por células da parede vaginal e do colo do útero que se obtém raspando a superfície destes órgãos com uma espátula de madeira.

F

Falência hepática fulminante: repentina e rápida progressão da doença relacionada com falência hepática.

Farmacocinética: estuda os mecanismos de absorção, distribuição, metabolismo e excreção de uma substância (medicamento) pelo organismo – é o que o organismo faz com os medicamentos.

Farmacodinâmica: estuda os efeitos bioquímicos e fisiológicos dos medicamentos e os seus mecanismos de atuação, bem como as relações entre os seus efeitos e a sua concentração no organismo – é o que os medicamentos fazem ao organismo.

FDA: iniciais de “Food and Drug Administration”. Trata-se do organismo oficial dos EUA responsável pela aprovação e segurança dos medicamentos. O equivalente europeu é a EMEA e o equivalente em Portugal é o INFARMED.  

Fibrose: cicatrizes hepáticas ligeiras a moderadas (ver cirrose).

Fibrotest: teste que usa os resultados dos testes ao sangue para predizer o dano hepático e que poderá tornar -se uma opção alternativa à biópsia hepática nalguns doentes.

Fibroscan®: ecografia não invasiva, que mede a "elasticidade" ou rigidez do fígado.

Fenótipo: aparência de um individuo em parte como consequência do seu genótipo e do ambiente. Em termos gerais designa a classe a que um organismo pertence, determinada pela descrição física e características comportamentais desse organismo, por exemplo, o seu tamanho e forma, a sua atividade metabólica e modo de movimentação. Em relação ao VIH, utiliza-se para indicar ou classificar resultados de análises (normalmente de resistência) em que se comparou o comportamento de um determinado vírus na presença de um medicamento antirretroviral, com o comportamento, na presença do mesmo medicamento, de um vírus nunca antes exposto a nenhum medicamento (estirpe selvagem), o que pode indiciar resistência a esse medicamento.

Filogenética: é a relação evolutiva entre as espécies, tendo em consideração tanto as formas de vida atuais como as formas já extintas.

Fluido cérebro espinal: líquido que envolve o cérebro e espinal medula.

G

Genótipo: constituição genética de um indivíduo. Em termos gerais designa a classe a que pertence um organismo tal como é determinada pela descrição física do ADN que herdou na sua conceção – no caso de organismos com reprodução sexual, o ADN do óvulo e do espermatozóide dos seus progenitores e no caso de reprodução assexual, a cópia direta do ADN do seu progenitor. Em relação ao VIH utiliza-se para indicar ou classificar resultados de análises (normalmente de resistência) em que se comparou e analisou o código genético de um determinado vírus com o código genético do vírus nunca antes exposto a nenhum medicamento antirretroviral (estirpe selvagem) para se poderem identificar mutações indicadoras de resistência a esse medicamento.

Glóbulos brancos ou leucócitos: células constituintes do sangue que têm como função responder aos processos de inflamação e infeção. Os neutrófilos, linfócitos, eosinófilos, monócitos e basófilos são diferentes tipos de leucócitos.

Glóbulos vermelhos ou eritrócitos: células constituintes do sangue que contêm hemoglobina e ferro e que têm como função transportar oxigénio aos tecidos.

Grupo de controlo: um grupo de participantes num ensaio que recebe o tratamento padrão em vez do tratamento experimental que está a ser testado.

H

HAART: iniciais de “Highly Active Anti-Retroviral Therapy”, ou seja, “Terapêutica Antirretroviral Altamente Ativa”. Usa-se frequentemente a expressão no seu original em inglês para designar um regime terapêutico potente, com muitos fármacos e com maior sucesso no combate ao VIH.

Hemoptise: expetoração de sangue proveniente de hemorragia nos órgãos respiratórios.

Hepatotoxicidade: termo médico para designar os efeitos indesejáveis dos medicamentos sobre o fígado. Lesão hepática provocada por medicamentos ou produtos naturais.

Hiperbilirrubinémia: aumento de bilirrubina no sangue.

Hipertensão portal: aumento da pressão arterial (hipertensão) nos vasos que transportam o sangue ao fígado.

I

Icterícia: diz-se que há icterícia quando a pele, as membranas mucosas ou as escleróticas apresentam um tom amarelado. Esta situação é causada pela presença de níveis aumentados de bilirrubina e está geralmente associada a patologias do fígado ou da vesícula.

IL-2 (INTERLEUCINA-2): citocina ou citoquina produzida pelas células CD4 tipo Th1 que tem como função, entre outras, a estimulação das células CD8 citotóxicas, induzindo também a proliferação e a maturação das próprias células CD4. No decorrer da infeção pelo VIH a sua produção diminui gradualmente. A utilização desta molécula no tratamento da infeção pelo VIH está atualmente em estudo, pensando-se que o seu uso pode levar a um aumento das CD4 e a uma recuperação da função imunitária.

IMC (Índice de Massa Corporal): cálculo da relação entre a altura e o peso, utilizado para determinar se existe excesso ou falta de peso. Há muitos calculadores online: www.nhlbisupport.com/bmi/

Imunocompetente: capaz de desenvolver uma resposta imunitária; possui um sistema imunitário normal.

Imunoglobulina intravenosa (IGIV): solução estéril de concentrado de anticorpos extraídos de pessoas saudáveis. A IGIV é geralmente usada para prevenir o aparecimento de infeções em pessoas com uma diminuição ou alteração na produção de anticorpos. Há doenças em que também pode ser administrada num curto período de tempo após o contacto suspeito, de modo a limitar-se a sua progressão (não é o caso da hepatite C).

Imunoterapia: um tratamento que estimula ou modifica a resposta imunitária.

Incidência: indicador (ou taxa) utilizado na avaliação de uma determinada doença (ou fenómeno) numa população. Corresponde ao número de novos casos de uma dada doença que, num determinado período de tempo, geralmente um ano, se manifestaram na população em causa.

INFARMED (Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento): organismo da Administração Pública Portuguesa encarregue da avaliação de novos medicamentos e licenciador da autorização para a sua comercialização no mercado nacional.

Infeção aguda: período entre a infeção pelo VIH e antes de se conseguirem detetar os anticorpos para o VIH.

Inibidor CCR5: um novo tipo de medicamentos que, ao bloquear o coreceptor CCR5 do VIH, impede este de se unir às células CD4 humanas. Os medicamentos desta classe são o maraviroc (Celsentri®) comercializado pela empresa farmacêutica Pfizer e o vicriviroc ainda em desenvolvimento pela Schering.

Inibidor de Fusão: tipo de medicamento para o VIH que atua impedindo o vírus de se unir à célula CD4. O T-20 (enfuvirtide) é o único de fusão aprovado.

Inibidores da Integrase: nova classe de medicamentos antirretrovirais que impedem a inserção do ADN viral do VIH no ADN humano. Representam um novo mecanismo de ação, que reduz a capacidade do VIH de se replicar e infetar novas células. Estão nesta classe o raltegravir (Isentress®) comercializado pela empresa farmacêutica Merck Sharp & Dôme e o eltegravir, medicamento em fase III da Gilead.

Inibidores da transcriptase reversa  análogos dos nucleótidos: medicamentos que atuam sobre o VIH da mesma forma que os análogos dos  nucleósidos, mas que se distinguem destes pelo facto de não necessitarem de sofrer o processo de fosforização intracelular. Exemplo: tenofovir ou Viread®.

Intenção de tratar: metodologia estatística utilizada para avaliação dos resultados de um ensaio clínico que se relaciona com o número total de pessoas que entraram no ensaio – que havia a intenção de fazer participar no ensaio até ao fim desde – independentemente de o terem completado ou não e das razões porque o não fizeram.
Dado que considera um número das pessoas que, normalmente, é superior ao das que completaram o ensaio, é um método mais rigoroso na avaliação dos resultados. Nesta metodologia, os casos de abandono, ainda, ser considerados de duas formas diferentes. Ou se consideram o último dado existente para os sujeitos que abandonaram o ensaio como o resultado final, ou se considera qualquer abandono como uma falha na demonstração da hipótese em estudo. Esta última metodologia mais rigorosa e que se considera mais próxima das situações da vida real.

Interferão (IFN): trata-se de uma citocina (proteína que regula a atividade do sistema imunitário) que o corpo sintetiza para combater o vírus. Versões do IFN produzidas em laboratório são usadas no tratamento de algumas infeções virais e de alguns tipos de cancro. Há 3 tipos principais de interferão: alfa, beta e gama. O IFN alfa é usado no tratamento da hepatite C e de alguns tipos de cancro, incluindo o sarcoma de Kaposi.

Interferão Peguilado: tratamento para a hepatite C, administrado em combinação com a ribavirina, numa injeção uma vez por semana.

INTR: iniciais de “Inibidores Nucleósidos da Transcriptase Reversa”. Família de medicamentos que inclui o AZT, d4T, 3TC, FTC, ddl e abacanavir. O tenofovir é um inibidor da transcriptase reversa análogo dos nucleótidos e atua de modo semelhante.

Intervalo QT: um dos parâmetros que se pode avaliar num eletrocardiograma (ECG), exame que serve, sobretudo, para avaliar a atividade elétrica do coração. O traçado de um ECG é composto, habitualmente, por diversas ondas e conjuntos de ondas: a P, a Q, a R, a S (estas, juntas no complexo QRS) e a T. O intervalo QT mede-se desde o início do QRS até ao fim de T, e abarca as chamadas despolarização e repolarização ventriculares, isto é, a fase em que os ventrículos ficam eletricamente preparados para se contraírem e a fase em que ficam preparados para receber o estímulo para a contração seguinte. Para uma frequência cardíaca de 60 por minuto, o QT normal varia entre 0,35 e 0,43 segundos.

Intervenção precoce: início do tratamento relativamente cedo no decurso da doença.

IP: iniciais de “Inibidores da Protease”. Trata-se de um dos principais grupos de medicamentos utilizados no tratamento do VIH/SIDA. Incluem-se nesta família de fármacos o indinavir, nelfinavir, ritonavir, saquinavir, fosamprenavir, atazanavir, lopinavir, tripanavir e duranavir.

ITR: iniciais de "Inibidor da Transcriptase Reversa". Classe de medicamentos para o VIH, que podem ser nucleósidos ou nucleótidos.

ITRNN: iniciais de "Inibidores da Transcriptase Reversa Não-Nucleósidos". Classe de medicamentos que inclui a nevirapina, o efavirenze, a delavirdina (não comercializado na Europa) e o TMC125/ etravirina.

 

L

Lesão: qualquer alteração anormal em termos físicos. Refere-se muitas vezes ao sarcoma de Kaposi, que pode causar lesões na pele.

Leucócitos: glóbulos brancos.

Leucopenia: redução do número de leucócitos no sangue. Geralmente deve-se a danos na medula óssea.

Libido: sinónimo de desejo sexual.

Linfoma: tumor das glândulas linfáticas.

Lipoatrofia: perda de gordura corporal.

Lipodistrofia: alteração na forma como o corpo produz, usa e distribui a gordura.

 

M

Macrófagos: grandes células que digerem células degeneradas e organismos estranhos. Existem em grande número no organismo e contribuem para o desenvolvimento das defesas imunitárias adquiridas atuando como células apresentadoras de antigénio.

Mania ou comportamento maníaco: caracteriza-se por uma atividade física excessiva e euforia extrema, desproporcionadas em relação a um determinado acontecimento positivo. A hipomania é uma forma leve de mania. Os sintomas da mania podem incluir, para além da euforia, irritabilidade ou hostilidade, crises de choro, aumento da autoestima ou comportamento pomposo. Pode também verificar-se fuga de ideias, mudando constantemente de tema, tendência a distrair-se com facilidade, compras em excesso, indiscrições sexuais ou investimentos económicos sem sentido.

Marcador de progressão: medida indireta de progressão de uma doença. Na infeção pelo VIH, o número de células CD4, por milímetro cúbico de sangue, é usado com marcador de progressão da infeção.

Medicamentos de primeira linha: medicamentos que podem/devem ser incluídos num regime terapêutico inicial.

Medula óssea: células no interior dos ossos que são responsáveis pela produção das células do sangue. A medula óssea é constituída por um tecido esponjoso mole localizado no interior dos ossos longos. É aqui que se produzem praticamente todas as células do sangue: glóbulos vermelhos ou eritrócitos, glóbulos brancos ou leucócitos e plaquetas.

Mega-HAART: terapêutica de combinação que conjuga cinco ou mais medicamentos antirretrovirais, e que geralmente inclui 2 ou 3 inibidores da protease.

Melanoma: o melanoma é um tipo de cancro de pele. Tem início nas células da pele, os melanócitos.

Meta-análise: investigação que analisa um número significativo de estudos realizados para avaliar um determinado problema. O objetivo, geralmente, é perceber se vários estudos realizados sobre uma determinada questão chegam a conclusões semelhantes ou não sobre essa mesma questão.

Metabolização: conjunto de reações químicas ocorridas em muitas células do organismo e que transformam as substâncias que entram no organismo (nutrientes e fármacos, por exemplo) quer em substâncias que podem ser integradas nas estruturas dos vários órgãos e sistemas, quer em substâncias mais ativas ou ainda em energia.

Métodos invasivos: trata-se de meios utilizados para o diagnóstico ou tratamento de doenças que invadem o organismo. Por exemplo, uma biopsia, é considerada habitualmente um meio invasivo. Uma radiografia ou uma TAC, por seu lado, são habitualmente considerados meios não invasivos.

Métodos não invasivos: meios utilizados para diagnóstico ou tratamento de doenças que não invadem o organismo. Por exemplo, uma radiografia ou uma TAC são habitualmente considerados meios não invasivos. Uma biopsia, por seu turno, será um meio invasivo.

Microbicidas: os microbicidas são produtos destinados a reduzir, quando aplicados na vagina ou no reto, a transmissão de infeções sexualmente transmissíveis, incluindo o VIH. Podem ser apresentados sob a forma de gel, creme, supositórios, películas, esponjas ou anéis vaginais que libertam gradualmente o princípio ativo.

Mitocôndria: pequeno organismo existente no citoplasma das células, responsável pela produção de grande parte da energia de que a célula necessita, nomeadamente, a partir da beta-oxidação dos ácidos gordos e da degradação da glicose.

Monoinfeção: infeção por um único vírus.

Morbilidade: número de doenças associadas a uma determinada infeção principal, no caso do VIH as infeções oportunistas e outras patologias não infeciosas.

Mortalidade: ver "Letalidade".

N

Nefropatia: lesão ou doença do rim. São muitas as doenças ou medicações que causam lesões ou doenças renais.

Neoplasia anal: crescimento celular anormal na superfície do reto ou canal anal constituído por células neoplásicas.

Neoplasia do colo do útero: formações cancerígenas nas células epiteliais do colo do útero.

O

Oligomenorreia: menstruação escassa e pouco frequente.

Onusino: de acordo com os critérios usados pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Opiáceos: grupo de substâncias derivadas originalmente da papoila do ópio e que, de uma forma geral, apresentam potentes efeitos psicoativos (isto é, efeitos sobre os sentidos e a mente), como a diminuição da consciência, entorpecimento dos sentidos, sono profundo e alívio da dor, entre outros. Algumas destas substâncias, como a morfina e a codeína são prescritas para o alívio da dor provocada pelo cancro e outras doenças. Outros exemplos de opiáceos são a heroína (substância ilícita) e a metadona (utilizada nos tratamentos da dependência da, por exemplo, heroína). Todas são potencialmente aditivas, isto é, todas causam dependência.

Opióides: substâncias naturais ou sintéticas derivadas do ópio, com efeitos analgésicos ou sedativos.

Osteopenia: é o inicio da perda de massa óssea ou a redução da densidade mineral dos ossos. Pode ser considerada como o estágio anterior à osteoporose. Nesta fase, os ossos começam a ficar mais frágeis, mas não se quebram com a mesma facilidade daqueles que já têm a osteoporose.

Osteoporose: é uma doença que se caracteriza por perda de massa óssea e pode atingir todos os ossos do corpo. O risco de fraturas com pequenos esforços ou traumas é grande.

P

Parceiros ou casal serodiscordante: casal em que um dos elementos é seropositivo e o outro é seronegativo para o VIH.

Péptidos: moléculas existentes em todos os organismos vivos, com um papel fundamental ao nível da morfologia e fisiologia das células e compostas por uma ou mais cadeias de aminoácidos ligados entre si. As de menores dimensões são designadas por oligopéptidos; quando são constituídas por um número maior de aminoácidos são conhecidas por proteínas.

Período de Janela: período que se segue a uma exposição ao VIH em que não é ainda possível determinar se uma pessoa é seropositiva ou seronegativa. Com os testes atualmente disponíveis, esse período de tempo é de cerca de sete a oito semanas.

Placebo: um comprimido que tem exatamente o mesmo aspeto e o mesmo sabor que o medicamento real, mas que não contém qualquer substância ativa.

Plaquetas ou trombócitos: células constituintes do sangue que fazem parte do processo de coagulação e de cicatrização.

Pré-natal: antes do nascimento.

Prevalência: indicador (ou taxa) utilizado também nos estudos do impacto das doenças e que corresponde ao número total de casos de uma doença existente numa população num determinado momento.

Poppers: nome por que é conhecido o nitrato de amilo e compostos análogos. Trata-se de substâncias líquidas voláteis, vendidas em frascos e consumidas (por via inalatória) com o objetivo de aumentar o afluxo de sangue e o prazer sexual (prolongamento do orgasmo, prevenção da ejaculação precoce, relaxamento do músculo liso). Uma vez inalados, os efeitos são instantâneos e duram cerca de 2 a 5 minutos. A inalação destas substâncias pode provocar uma diminuição da pressão arterial e inclusivamente a perda do estado de consciência. Pessoas com problemas cardiovasculares, anemia ou glaucoma devem evitar o uso destas substâncias. O uso conjunto de poppers e Viagra é extremamente perigoso.

Profilaxia Pós-Exposição (PPE): de Profilaxia, isto é, prevenção do desenvolvimento da infeção, e Pós-Exposição, ou seja, feita depois da exposição ao vírus. Define-se como terapêutica administrada em certos casos de contactos de risco, nas primeiras horas após esse contacto, com o objetivo de evitar o desenvolvimento da infeção. Atualmente já é praticada após o chamado contacto “profissional” de risco (por exemplo, a um técnico de saúde que se pica com uma agulha contaminada) ou depois de um contacto sexual de risco (por exemplo, após relação sexual desprotegida entre parceiros serodiscordantes). É feita nas Urgências dos Hospitais, após avaliação de cada situação concreta. Deve ser iniciada até às 72 horas e idealmente nas primeiras 4 horas após o contacto de risco.

Profilaxia Pré-Exposição (PrEP): de Profilaxia, isto é, prevenção do desenvolvimento da infeção, e Pré-Exposição, isto é, feita antes da exposição ao vírus. Trata-se de uma estratégia ainda não aprovada na Europa.

Programa de acesso alargado (PAA): procedimento estabelecido inicialmente pela agência norte-americana FDA, mas entretanto adotado por muitas outras instituições internacionais responsáveis pela aprovação de medicamentos nos diversos países, em que se distribuem fármacos ainda em fase de investigação sobretudo a doentes que já experimentaram vários esquemas de tratamento e que se encontram em falência terapêutica.

Programas de alto limiar: programas de manutenção opiácea com metadona ou buprenorfina de alto grau de exigência. O acesso é condicionado por vários critérios de seleção e estão orientados para a abstinência. Exigem o cumprimento de regras, nomeadamente, controles regulares de consumo de drogas através de testes à urina e o resultado positivo pode implicar a saída do programa. A adesão a este tipo de tratamento implica aconselhamento e psicoterapia regulares.

Programas de baixo limiar: programas de manutenção opiácea de baixo grau de exigência, de fácil acesso, orientados para a redução de riscos. Têm como principal objetivo resolver os sintomas relacionados com o síndrome de abstinência provocado pelos opiáceos (em regra a heroína) e melhorar a qualidade de vida dos utilizadores de droga.

Progressão da doença: agravamento de uma doença.

Provas de função hepática: análises ao sangue que medem o nível das enzimas hepáticas (proteínas fabricadas e usadas pelo fígado) para avaliar se o fígado está a funcionar bem. Entre as enzimas utilizadas por rotina para este efeito encontram-se a Aspartato Amino-transferase (AST), a Alanina Amino-transferase (ALT) e a Gama-Glutamiltransferase (GGT). Níveis elevados destas enzimas indicam geralmente a existência de um problema no fígado.

Prurido: comichão.

Puérpera: mulher que está no período de puerpério.

Puerpério: fase que se inicia após o nascimento do bebé, e dura geralmente 4 a 6 semanas, segundo a maioria dos autores.

Q

Quimioterapia: medicamentos usados para tratar o cancro.

Quociente inibitório: indicador da potência de um fármaco que relaciona a exposição ao fármaco e a suscetibilidade do VIH ao mesmo.

R

Rabdomiólise: síndrome causada pela destruição das células dos músculos. A maioria dos casos está relacionada com o consumo de álcool, atividade física compulsiva e compressão muscular traumática ou pelo uso de determinados fármacos e drogas. O diagnóstico e a terapêutica precoces são fundamentais para evitar a progressão para insuficiência renal aguda (IRA).

Radical livre: substância química produzida após uma reação molecular, que contém muitas vezes oxigénio e que tem um eletrão sem par "livre" na sua superfície exterior. Isto torna-a capaz de reagir e danificar outras células e, talvez, aumentar o risco de doença cardiovascular, neoplasia e envelhecimento.

Randomização: processo de distribuição dos participantes pelos diferentes braços do ensaio clínico que é feito de forma aleatória, quer dizer, ao acaso e sem qualquer interferência do eventual juízo sobre que braço lhe seria mais ou menos indicado.

RCM: resumo das características de um medicamento

Regressão logística: instrumento estatístico que permite relacionar um conjunto de causas independentes com um efeito ou resultado que só admite duas respostas (variável de resposta binária). Tornou-se uma técnica padrão na área médica (nomeadamente nos ensaios clínicos) por possibilitar calcular a probabilidade de diferentes fatores ou causas, individualmente e/ou em associação, bem como os seus pesos relativos, no aparecimento, ou não, de uma determinada consequência.

Reservatório: representa uma categoria de células que pode “abrigar” o VIH, mesmo depois do início de uma terapêutica antirretroviral altamente eficaz, como, por exemplo, os macrófagos e os linfócitos latentes ou infetados de forma crónica. Estes reservatórios não são afetados pelos medicamentos antirretrovirais, pois estes não atacam as formas provirus de VIH, no núcleo das células infetadas. Certos reservatórios constituem verdadeiros santuários, tais como o cérebro e os testículos.

Resistência cruzada: mecanismo de resistência que faz com que o VIH resistente a um medicamento possa também ser resistente a outros medicamentos da mesma classe.

RFT: resposta no fim do tratamento. Carga viral indetetável para o VHC no fim do tratamento para a hepatite C (ver RVS).

Ribavirina: medicamento usado para potenciar a eficácia do interferão peguilado. É administrado em comprimidos, duas vezes por dia.

Risco cardiovascular: conjunto de fatores de risco que, quando presentes, se associam a uma maior mortalidade por doenças vasculares (isto é, dos vasos sanguíneos) que atingem principalmente dois órgãos: o coração e o cérebro. Entre os fatores de risco mais importantes encontram-se a hipertensão, a diabetes, a obesidade, a dislipidémia e o tabagismo.

RVP: resposta virológica precoce. Uma descida de 99% (ou 2 log) na carga viral do VHC, após 12 semanas de tratamento.

RVR: resposta virológica rápida. Carga viral do VHC indetetável após 4 semanas de tratamento. Atualmente, a RVR é apenas usada em investigação, não se usa na prática clínica diária. Uma RVR é um bom sinal, mas o tratamento para o VHC não deve ser interrompido caso não se obtenha às 4 semanas.

RVS: resposta virológica sustentada. Carga viral do VHC indetetável seis meses após ter acabado o tratamento. Esta resposta determina se o tratamento foi eficaz na eliminação do VHC. A RVS é o resultado mais importante num ensaio clínico sobre terapêutica para o VHC.

S

Santuários: tecidos ou órgãos (cérebro, testículos) onde o nível de penetração dos medicamentos é baixo, podendo assim armazenar vírus durante muito tempo, depois do início de uma combinação antirretroviral potente.

Secreções BAAR negativas: secreções em que não se encontram bacilos ácidos álcool resistentes ou bacilo de Koch.

Septicémia: infeção grave, potencialmente fatal, provocada por um número muito elevado de bactérias no sangue. Os principais sintomas são uma descida súbita da tensão arterial e alterações da frequência cardíaca e da temperatura corporal.

SIDA: Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. Último estadio da infeção pelo VIH, quando existe maior risco de aparecimento de infeções oportunistas ou tumores.

Síndrome de Reiter: inflamação das articulações e dos tendões na zona de inserção nos ossos, que se acompanha por inflamação da conjuntiva dos olhos, da mucosa da boca, da vagina e do pénis. Pode também aparecer erupção cutânea, que se localiza especialmente nas palmas das mãos e nas plantas dos pés. Esta síndrome pode manifestar-se associada a uma infeção de transmissão sexual, nomeadamente a clamídia.

Sistema nervoso: rede de células especializadas no transporte de informação (sob a forma de impulsos nervosos) para e de todas as partes do corpo em resposta a estímulos exteriores e/ou para desencadear uma ação.

Sistema nervoso autónomo: a parte do sistema nervoso que controla as funções involuntárias do corpo.

Sistema nervoso central: a parte principal do sistema nervoso humano, que inclui o cérebro e a espinal-medula.

SNC: Sistema Nervoso Central.

Supressão Virológica Sustentada: é alcançada quanto o doente apresenta medidas sucessivas de carga viral indetetável, isto é com níveis de ARN VIH-1 abaixo das 50
cópias/ml.

T

TAC: tomografia axial computorizada. É uma técnica especial de radiografia que permite criar imagens transversais do corpo mostrando-o “em fatias”. É usada na deteção de tumores, infeções e outros tipos de alterações anatómicas.

Terapêutica de combinação: uso simultâneo de mais do que um medicamento.

Terapêutica de resgate: terapêutica de combinação de terceira linha, usada após se ter desenvolvido resistências a três ou mais classes de medicamentos antirretrovirais.

Terapêutica de segunda linha: combinação de medicamentos antirretrovirais usada após a falência do tratamento de primeira linha.

Terapêutica preventiva com isoniazida (TPI): previne a tuberculose ativa nas pessoas em risco que vivem com o VIH.

Teratogénico: o que é suscetível de causar anomalias no desenvolvimento do embrião ou feto, durante a gravidez.

Teste da PCR: do inglês, Polymerase Chain Reaction. Teste muito sensível que deteta a presença ou mede a quantidade de DNA ou RNA de um dado organismo ou vírus (por exemplo, do VIH, do VHC ou do CMV) no sangue ou nos tecidos.

Teste da carga viral: análise ao sangue que mede a quantidade de VIH. Estes testes detetam valores geralmente a partir de um mínimo de 50 cópias/ml.

Teste de confirmação: um segundo teste efetuado para verificar o resultado do primeiro.

Teste de fenotipagem: análise que se destina a medir as funções de um determinado organismo. Por exemplo, no caso do VIH, tem por função medir a quantidade de medicamento necessária à inibição do crescimento de uma cultura de vírus, realizada em laboratório. A resistência é classificada em três níveis: alto, intermédio e baixo.

Teste de genotipagem: análise sanguínea que visa determinar as sequências genéticas de determinado organismo. No contexto da infeção pelo VIH, este teste é realizado com o objetivo de detetar a existência de mutações no genoma do vírus. Sabe-se atualmente que certas mutações ou combinações de mutações conferem resistência aos medicamentos anti retrovirais.

Toxicidade: termo usado para indicar o grau em que uma substância é nociva para os doentes.

Transmissão zoonótica: transmissão do animal ao homem.

Triglicéridos: um dos dois principais tipos de gordura existentes em circulação, a par do colesterol. As gorduras também são designadas por “lípidos”. Um aumento dos triglicéridos pode ter como causa uma alimentação incorreta, a obesidade ou o uso de determinados fármacos (incluindo alguns antirretrovirais), entre outros. O aumento dos níveis dos triglicéridos aumenta, por sua vez, o risco cardiovascular.

Tropismo genético: característica genética dos vírus VIH que determina que, quando se ligam às células CD4 para transferirem o seu material genético e se replicarem, uns utilizem, para além do recetor comum dos CD4, o coreceptor CCR5 e outros o CXCR4.

Tuberculose extensivamente resistente (TB-XDR): é a tuberculose que além de ser TB-MDR é resistente a qualquer das fluoroquinolonas e, pelo menos, a uma das três drogas injectáveis de segunda linha (capreomicina, canamicina, e amicacina).

Tuberculose multi-resistente (TBMDR): forma de tuberculose em que a estirpe do bacilo Mycobacterium tuberculosis é resistente a algumas das drogas de primeira linha (isoniazida e rifampicina) usadas para o tratamento da doença.

U

UDI: utilizador de drogas injetáveis.

V

Varizes: veias dilatadas que podem romper. É uma complicação da cirrose.

Virião: partícula viral que existe livremente fora das células que infeta.

Vírus herpes: grupo de vírus que compreende os vírus Herpes Simplex de tipo 1 (HSV-1), Herpes Simplex de tipo 2 (HSV-2) o Citomegalovirus (CMV), o Vírus Epstein-Barr (EBV) o vírus Varicela Zoster.

Vírus Selvagem ou estirpe selvagem do VIH: estirpe viral natural, não sujeita à pressão de medicamentos e que, portanto, não apresenta mutações que a transformariam numa estirpe resistente.

W

Wasting Sindrome: conjunto de sinais e sintomas caracterizados por perda involuntária de 10% ou mais do peso habitual e que resulta na diminuição da massa muscular, representando uma alteração do metabolismo frequente nas pessoas com SIDA.